segunda-feira, 16 de junho de 2008

Bolsa entre amigos

Clubes de investimento atraem investidores de primeira viagem. E você, já pensou em montar um? ANA CLARA COSTA



CLUBE DO COFRINHO: Chen Shao Nan (deitado) incentivou o neto Rodrigo (centro) e os amigos a investir na bolsa

Nunca se falou tanto em ações no Brasil. Em mesas de bar, filas de banco ou qualquer outra situação que aglomere amigos, colegas de trabalho ou desconhecidos, falar sobre a Bovespa tornou-se lugar-comum. Se você observa de fora essa movimentação, tem vontade de participar, mas sabe ainda muito pouco sobre renda variável, uma opção interessante é montar um clube de investimento. Em um primeiro momento, pode parecer complicado. Mas não é. As corretoras de valores possuem equipes especializadas para auxiliar os leigos, e a taxa de administração do clube diluída entre os membros pode tornar a aplicação bastante atraente. Existem atualmente 1.931 clubes cadastrados na Bovespa. Juntos, acumulam um patrimônio líquido de R$ 12,8 bilhões. Dez anos atrás o número de clubes não passava de 162, e o patrimônio era de apenas R$ 97,3 milhões.
Rodrigo Chen, de 26 anos, não sabia absolutamente nada de mercado financeiro até o dia em que seu avô, Chen Shao Nan, decidiu apresentar a Bovespa a ele e alguns amigos da faculdade. Na época (2003), estudava Engenharia Mecatrônica na Poli (USP) e não dispunha de um grande capital para investir. Foi quando descobriu a existência dos clubes de investimento. O grupo gostou da idéia e montou o Clube do Cofrinho. Hoje, são 26 membros. O avô ficou tão orgulhoso que também quis participar. "Começamos com uma carteira mais conservadora, comprando Petrobrás e Vale", conta Rodrigo. Desde então, as cotas se valorizaram 160%. Ele tomou gosto pelas ações e aprendeu a investir sozinho. "Invisto pela internet", conta.
Para montar o seu, a dinâmica é simples. "O primeiro passo é procurar uma corretora de valores", explica Doraci R.M. Julia, assessora de investimentos da Gradual Corretora. Criar o nome do clube e cadastrá-lo na Bovespa são as etapas seguintes, assim como estabelecer um estatuto a ser seguido pelos membros. Outro passo é nomear, entre os membros, um representante que terá o auxílio da corretora para movimentar a carteira. "O representante tem autonomia para movimentar, mas nós fazemos as recomendações", explica Doraci. Mas como ainda não é possível formar um clube com menos de três membros, se um investidor quiser participar de um, pode procurar os clubes abertos das corretoras. "Qualquer pessoa pode participar.", diz Robson Queiroz, diretor comercial da Corretora SLW.
Representante de seu próprio clube, o engenheiro Reginaldo Furlan montou há três anos o Clube Dimensional, juntamente com outros cinco colegas que na época trabalhavam com ele no grupo Ipiranga. Registrado na Gradual Corretora, o clube tem treze cotistas, entre engenheiros e familiares. "Logo que abrimos o clube, a bolsa caiu e todos ficaram com medo. Mas com o tempo, adquirimos confiança e percebemos que os ganhos viriam a longo prazo", conta o engenheiro. A rentabilidade acumulada após três anos foi de 107%.
TENISTAS: clube de José Américo (terceiro da esq. para a dir.) rendeu 1.200%
Os clubes podem ter até 150 cotistas. Acima disso, podem se transformar em fundo de ações. É o que pretende o Clube dos Tenistas do Esporte Clube Pinheiros. Criado em 2003, chegou a R$ 10 milhões de patrimônio. Em quatro anos, a rentabilidade foi de 1.200%. Um dos fundadores, o advogado José Américo Souza, de 71 anos, hoje investe todo o seu capital no clube. "É mais garantido que a poupança", diz.

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