quarta-feira, 18 de junho de 2008

Um clube para ganhar dinheiro

Os segredos para unir um grupo de pessoas e ser bem-sucedido nos investimentos em renda variável






ANA CLARA, DENISE E MEIRE: Geração Futuro define e executa a estratégia

SAFIRA
CRIAÇÃO: maio de 2006PARTICIPANTES: 150PATRIMÔNIO ATUAL: R$ 2,34 milhõesCARTEIRA: Taurus, Gerdau, Guararapes, Petrobras, Plascar, Randon, Usiminas, VCP e WegRENTABILIDADE: 137,1% (Ibovespa no período: 77%)
Uma aplicação de R$ 100 foi o pontapé inicial para 10 amigas começarem a investir no mercado de ações. Hoje, são 150, donas de R$ 2,34 milhões. Outras 50 mulheres aguardam na lista de espera. "Já indiquei algumas amigas e existem outras interessadas", diz a cotista Meire Adissi. A disciplina de depositar rotineiramente mudou pequenos hábitos das participantes. Hoje elas não trocam um depósito por uma compra no shopping, diz Denise Damiani, a líder do Safira. "Uma regrinha fácil de cumprir é separar 10% do que se ganha", ensina ela. A cada dois meses, as amigas investidoras se encontram para debater temas financeiros em geral.

REUNIR OS AMIGOS PARA UMA rodada de chope e bate-papo ou encontrar um grupo de conhecidos em uma atividade em comum são fatos corriqueiros na vida de muitas pessoas. Algumas perceberam que essa afinidade poderia gerar mais do que momentos divertidos. Poderia gerar lucros. Uma maneira simples de reuni-las é formar um clube de investimentos. Com um pequeno capital inicial e custos mais baixos do que os dos fundos de investimentos tradicionais, é possível aproveitar o crescimento da Bolsa de Valores e acumular dinheiro com o mercado acionário. Se você tem vontade de estender sua rede de relacionamentos para o jogo dos lucros, saiba que existem alguns truques para se dar bem. Conheça essas dicas e evite que a diluição dos investimentos feche as portas das amizades.



O primeiro passo para fundar o seu clube de investimentos é juntar outros dois amigos. Esse é o número mínimo exigido pela Bovespa para aceitar a fundação de um novo grupo de investidores. Essa união tem ganhado cada vez mais adeptos. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, os clubes se aproximaram de 2,5 mil, um aumento de 12% em comparação ao fechamento de 2007. O patrimônio acumulado cresceu 10%, para R$ 16,2 bilhões. "Os clubes são adequados para pequenos poupadores entrarem no mercado de ações", diz Manuel Lois, diretor da Spinelli Corretora. É bom lembrar que o patrimônio líquido de um clube é ilimitado, mas o total de participantes deve ser de 150, no máximo.


A parte decisiva na montagem de um clube é alinhar as expectativas de todos os participantes. Conhecer os objetivos de investimentos e entender o perfil de cada um dos integrantes é fundamental para a elaboração da estratégia e sua execução no longo prazo. Um cotista de 50 anos e outro de 20 têm prazos e expectativas diferentes para usarem o dinheiro acumulado e, portanto, podem divergir nas estratégias e se desentenderem. Em tese, todos devem ter um horizonte de aplicação de pelo menos cinco anos. "O primeiro erro é começar um clube pensando no curto prazo", afirma Ana Clara Rodrigues, diretora da Geração Futuro. Estudos da americana National Association of Investors Corporation (Naic) mostram que 25% dos clubes de investimento morrem antes de completar dois anos devido ao erro na escolha dos sócios e à ansiedade em enriquecer rapidamente. "O principal inimigo do investidor é ele mesmo, que não consegue esperar mais do que dois anos pelo retorno", pontua Lois.


Os segredos para unir um grupo de pessoas e ser bem-sucedido nos investimentos em renda variável
BRUNO, CAIO E ALESSANDRO: os próprios cotistas definem a estratégia
AURUM
CRIAÇÃO: agosto de 2006PARTICIPANTES: 20PATRIMÔNIO ATUAL: R$ 400 milCARTEIRA: Cemig, Itaú, Vale, Petrobras, Gerdau, Ambev e AracruzRENTABILIDADE: 97,1% (Ibovespa no período: 85%)
Bruno Lagroteria, Caio Lima e Alessandro Estevam decidiram estender a amizade que os unia para o mercado financeiro. Eles investiam individualmente na Bolsa e perceberam que outros amigos estavam distantes do mercado de renda variável. Para uni-los, criaram o Aurum e passaram a ser os gestores dos investimentos do clube. A idade dos participantes varia de 27 anos a 35 anos e os objetivos estão alinhados. "Nosso foco é o longo prazo, não fazemos operação de day trade", diz Estevam. Essa afinidade não impede que ocorram alguns conflitos. Para resolvê-los, reuniões mensais são realizadas para cada um expor suas idéias sobre as oportunidades de mercado. E a quantidade de informações colhida por cada um vai ser a responsável pelo convencimento dos outros. Da carteira atual, 80% dos papéis foram comprados há mais de seis meses.
Cumprida essa fase decisiva, o terceiro passo é escolher uma corretora de valores. No primeiro momento, ela irá ajudá-lo a criar o estatuto, a política de investimentos e a dar entrada nos papéis para receber o CNPJ e iniciar as atividades. Depois, ela irá executar a estratégia combinada e fornecer as informações da carteira. Verifique as opções de corretoras no site da Bovespa. Todas elas têm sistemas tecnológicos semelhantes e o que vai diferenciá-las é o serviço de atendimento e os custos para os clubes. A taxa de administração anual pode chegar a 4%, dependendo do patrimônio acumulado pelo fundo. Cada corretora cobra um valor pela corretagem na hora de comprar ou vender os papéis. Além disso, algumas têm regras e metas de captação. Na Spinelli, é preciso R$ 3 mil para abrir um clube e após o primeiro ano de fundação ter, no mínimo, R$ 30 mil. Na Geração Futuro, pode-se participar de um clube com apenas R$ 100. "A comparação de custos e a personalização no atendimento são importantes. Por isso, não escolhemos uma corretora grande", diz Alessandro Estevam, do Clube de Investimentos Aurum.
Estevam e seus amigos de infância Caio Lima e Bruno Lagroteria são os responsáveis pela gestão do Aurum. São eles que debatem as melhores ações para comprar e o momento certo de vender.
Os três estudam as análises da corretora, lêem sobre as empresas e checam os gráficos para tomar decisões. "Um clube de investimentos é válido se tiver uma pessoa de confiança fazendo a gestão", diz Lagroteria. Enquanto eles usam a Spinelli como porta para negociar os papéis, outros clubes preferem delegar a gestão da sua carteira a terceiros. É o caso do Safira. As 150 mulheres participantes não influenciam nos papéis escolhidos pela Geração. "A corretora é mais capaz e eficiente. Não temos capacidade de sugerir e podemos atrapalhar o trabalho deles", diz Denise Damiani, a líder do Safira. Mesmo assim, elas se reúnem a cada dois meses para discutir os investimentos (leia quadro). É o que basta para aprender e, quem sabe, usar os conhecimentos adquiridos nos clubes em aplicações próprias, como acontece nos Estados Unidos.
A lição de um bem-sucedido clube de investimentos estará completa se a manutenção for realizada periodicamente. Isso significa que os participantes precisam de disciplina e rigor para poupar, de preferência, todos os meses. Esse é um ponto fundamental para multiplicar os ganhos individuais e do clube. O investidor que entrou no primeiro clube de investimentos lançado pela Geração em novembro de 2000 e depositou R$ 100 ao longo dos 92 meses seguintes viu R$ 9,2 mil transformarem-se em R$ 65 mil. "É importante pensar que o hábito de poupar faz diferença no longo prazo", diz Ana Clara Rodrigues.

2 comentários:

Alexandre Umbelino disse...

Prima...cada vez que vc posta algo novo, fico cada vez mais interessado!
Não esqueça de me chamar quando abrir ok?!
Bjs!

Andrea Pepino disse...

Ok, primo. Esta semana vou criar um grupo de msn, para estarmos amadurecendo a idéia. Beijos