segunda-feira, 16 de junho de 2008

Clube das mulheres

Fotos: Zeca Caldeira


Gisela Russo, empresária: Consultoria sob medida na hora de escolher as aplicações, como fundos de investimento

Clube das mulheresElas já são donas de 52% das contas correntes do Brasil. Saiba o que as instituições financeiras estão criandopara esse mercadoPor geraldo magella
Um acessório ganha, a cada dia, mais espaço nas bolsas femininas: os cartões de banco. Levantamento feito pelos organizadores da Expomoney, feira sobre investimentos que acontece no final deste mês, em São Paulo, mostra que as mulheres já são a maioria no sistema financeiro. Das quase 74 milhões de contas correntes ativas no Brasil, 52% têm mulheres como titular. O poderio financeiro feminino é tamanho que as instituições se preocupam, cada vez mais, em oferecer serviços e produtos específicos para elas. No Banco do Brasil, por exemplo, as mulheres são titulares de 46% das 21 milhões de contas correntes, têm 33% dos fundos de investimento, 38% das contas de previdência privada e 35% da carteira de seguro de veículos. “O homem é mais impulsivo na hora de investir”, diz Jacinta Portela, gerente executiva do Banco do Brasil. “A mulher busca informações, ouve, analisa e, depois que decide, tem mais paciência para esperar pelo retorno”. Maria Eugênia, psicóloga: Contas em dois bancos e planos de comprar ações

Essa diferença no comportamento dos sexos quando o assunto envolve finanças leva a uma mudança na forma de atendimento. O Banco Real planeja criar uma área exclusiva para mulheres na mesa da sua corretora. Na Expomoney, a consultora de investimentos Sandra Blanco terá uma sala para atender as convidadas. “As mulheres passaram a dar mais atenção à sua vida financeira”, diz Sandra. “Como, em geral, ganham menos que os homens e vivem mais, elas precisam de investimentos que garantam um futuro tranqüilo”. Além de prestar consultoria financeira a suas clientes, Sandra tem um site voltado para o público feminino (www.mulherinvest.com.br) e também participa de um clube de investimento de ações só para mulheres no Rio, onde mora. Segundo ela, o perfil da investidora tem mudado nos últimos tempos. “Primeiro elas trocaram a poupança pelos fundos de investimento”, lembra Sandra. “O próximo passo é chegar às aplicações de maior risco, como o mercado de ações”.

Esse é o caso da psicóloga paulista Maria Eugênia de Mathis. Titular de duas contas correntes, uma no Citibank e outra no Itaú Personnalité, Maria Eugênia se preocupa com segurança e rentabilidade. “Minhas aplicações estão em fundos de investimentos, um moderado e outro conservador”, afirma. Mesmo em início de carreira, a psicóloga se programa para economizar e investir todo mês uma parcela de sua renda. Seus planos futuros incluem aplicações em renda variável. “Hoje meus investimentos são mais conservadores”, reconhece Maria Eugênia. “Mas quando tiver fôlego, penso em investir em ações”.

Há tempos que o mercado de capitais deixou de ser exclusivamente masculino. Das mais de 180 mil contas ativas na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) – condição necessária para quem quer comprar e vender ações – cerca de 17% são movimentadas por mulheres. Esse dado não leva em conta o número de mulheres que participam de clubes de investimento, que operam na Bolsa de Valores como pessoas jurídicas. “Hoje temos clubes de investimentos de mulheres espalhados por todo o país”, afirma Ângela Barros, coordenadora do programa “Mulheres em Ação”, da Bovespa. “Somos investidoras fiéis, escolhemos empresas transparentes, que valorizam os acionistas, e temos paciência para esperar o retorno no longo prazo”.

Quem prefere investimentos de pouco risco também não tem do que reclamar. A empresária Gisela Russo, dona de uma lavanderia industrial em São Paulo, tem o perfil mais conservador. Seu banco, o Real, sabe disso e sempre lhe oferece produtos com essa característica, como fundos de investimento e crédito imobiliário. “Sempre procuro a área de assessoria do banco para esclarecer as minhas dúvidas”, diz Gisela, que por dez anos trabalhou na área de private banking de uma instituição. “Hoje, a concorrência entre os bancos está muito acirrada e nessa busca para fidelizar os clientes, nós mulheres somos uma parcela decisiva”.
Bolsa de valores: 17% das 180 mil contas do mercado de ações têm mulheres como titular

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